
O Simples Nacional vai acabar?

Você é empresário e ouviu falar que o Simples Nacional vai acabar com a Reforma Tributária?
Pois é… essa dúvida tem tirado o sono de muitos empreendedores. A boa notícia é que o Simples continua existindo.
Mas atenção: a Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta a reforma, mudou várias regras importantes, e entender essas mudanças é essencial para evitar problemas e planejar o futuro do seu negócio.
O que está acontecendo?
A Reforma Tributária criou dois novos tributos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Eles formam o chamado IVA Dual, que unifica tributos federais, estaduais e municipais.
Para micro e pequenas empresas, o Simples Nacional continua sendo o regime simplificado previsto na Lei Complementar nº 123/2006.
Mas a forma como você vai lidar com o IBS e a CBS dentro desse regime mudou e isso pode afetar diretamente o seu fluxo de caixa, carga tributária e planejamento contábil.
Relembrando: o que é o Simples Nacional?
O Simples Nacional foi criado para facilitar a vida das micro e pequenas empresas, unificando vários impostos em uma única guia de pagamento (DAS).
Quem pode optar:
- Faturamento anual de até R$ 4,8 milhões;
- Exercício de atividade econômica permitida (nem todas podem participar).
Quem não pode:
- Bancos, seguradoras, factoring e cooperativas de crédito;
- Comércio de bebidas alcoólicas, cigarros e armas;
- Empresas de cessão de mão de obra ou locação de imóveis;
- Sócios residentes no exterior.
Principais vantagens:
- Menos burocracia contábil e fiscal;
- Alíquotas progressivas (crescem conforme o faturamento);
- Carga tributária, em geral, mais previsível.
Mas um alerta importante: nem sempre o Simples é o regime mais barato. Dependendo da sua margem de lucro e estrutura de custos, outros regimes podem ser mais vantajosos.
O que muda com a Reforma Tributária?
A reforma não extingue o Simples Nacional, mas traz adaptações relevantes para integrá-lo ao novo sistema de IBS e CBS.
Veja o que muda na prática:
1. Duas formas de recolher IBS e CBS
As empresas do Simples poderão escolher como recolher os novos tributos: (i) dentro do DAS (mantendo tudo unificado, como é hoje); ou (ii) fora do DAS, recolhendo IBS e CBS separadamente.
Na prática, empresas com muitos insumos ou compras tributadas deverão optar pelo recolhimento separado, aproveitando créditos para reduzir a carga efetiva.
Essa escolha será estratégica e deve ser revisada periodicamente, porque as margens e os custos mudam com o tempo.
2. Ampliação do conceito de Receita Bruta
A partir de 2025, a receita bruta das empresas do Simples passa a incluir outras receitas ligadas à atividade principal, como ganhos financeiros em vendas parceladas.
Isso aumenta a base de cálculo e pode impactar diretamente no valor dos tributos.
3. Vedação de créditos para quem permanece 100% no Simples
As empresas que ficarem apenas dentro do Simples não poderão gerar créditos de IBS e CBS.
Ou seja, quem vende para outras empresas (B2B) pode perder competitividade.
4. Split Payment e novas obrigações acessórias
Com o split payment, o pagamento do imposto será dividido automaticamente na transação, destinando parte diretamente ao fisco.
Isso exigirá ajustes nos sistemas de emissão de notas fiscais e atenção às novas obrigações acessórias.
Como se preparar para o novo cenário
Então olha só o que você, empresário ou contador, precisa fazer desde já:
- Converse com seu contador ou advogado de confiança sobre a melhor forma de recolher IBS/CBS (dentro ou fora do Simples);
- Revise o enquadramento tributário e simule cenários com e sem o regime híbrido;
- Atualize o sistema de emissão de notas fiscais para o split payment;
- Monitore margens e custos: isso vai influenciar diretamente a melhor escolha;
- Invista em planejamento tributário e mantenha-se atualizado sobre as instruções da Receita Federal.
Conclusão: o Simples continua, mas o “jeito de ser simples” mudou
A Lei Complementar nº 214/2025 marca o início de uma nova era no sistema tributário brasileiro.
O Simples Nacional continua firme, mas com novas regras, mais opções e também mais responsabilidades.
Agora, o desafio é usar as mudanças a seu favor.
Com um bom planejamento e acompanhamento especializado, dá para continuar aproveitando os benefícios do Simples e ainda reduzir a carga tributária de forma inteligente.
Conte com a equipe do PFMP Advogados para aprofundar seu entendimento sobre este tema e avaliar como ele pode se aplicar ao seu caso.