
Simples Nacional sempre vale a pena?

Se você é empresário e está no Simples Nacional, talvez já tenha se perguntado: ‘Será que estou mesmo pagando menos imposto do que deveria?’
Pois é… essa dúvida é mais comum do que parece. O Simples é, sem dúvida, o regime tributário mais popular entre micro e pequenas empresas. Mas atenção: nem sempre ele é a melhor escolha.
Dependendo da margem de lucro, dos créditos de impostos ou do faturamento da sua empresa, o Lucro Presumido ou até o Lucro Real podem gerar economia significativa.
E tem mais: a Receita Federal está cada vez mais atenta às empresas que tentam “forçar” a permanência no Simples – como quando alguém cria várias empresas só para não ultrapassar o limite de R$ 4,8 milhões. Além de configurar fraude, pode também trazer dores de cabeça enormes para o empresário em uma eventual fiscalização.
Neste artigo, vamos explicar de forma simples e direta como funciona cada regime e por que você deveria avaliar cenários, mesmo agora que você já está no Simples Nacional.
A importância da escolha do regime de tributação
Escolher o regime tributário não é só uma questão burocrática: é decisivo para a saúde financeira da empresa.
Um regime mal escolhido pode levar a pagamentos excessivos de impostos, falta de competitividade e até problemas com o Fisco. Por outro lado, um regime bem ajustado ao modelo de negócio permite:
- Menor carga tributária dentro da legalidade;
- Previsibilidade no caixa;
- Aproveitamento de créditos fiscais (quando aplicável);
- Mais competitividade no mercado.
Ou seja, a escolha entre o Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real pode ser a diferença entre ter fôlego para crescer ou viver no sufoco.
O que é o Simples Nacional
O Simples Nacional é um regime especial criado para microempresas e empresas de pequeno porte, previsto na Lei Complementar nº 123/2006.
Quem pode optar:
- Faturamento anual de até R$ 4,8 milhões;
- Atividade econômica permitida pela legislação. Isso porque nem todas as atividades são permitidas no Simples Nacional.
Entre as vedações, estão:
- Atividades do setor financeiro, como bancos, seguradoras, factoring e cooperativas de crédito;
- Produção ou venda no atacado de produtos como cigarros, armas de fogo, bebidas alcoólicas;
- Empresas que prestem serviços mediante cessão ou locação de mão de obra, bem como locação de imóveis próprios;
- Empresas cujo titular ou sócio seja domiciliado no exterior.
Principais vantagens:
- Unificação de impostos em uma guia única (DAS);
- Menos burocracia contábil e fiscal;
- Alíquotas progressivas (começam menores e aumentam conforme o faturamento).
Não é à toa que a maioria dos pequenos empresários escolhe o Simples. É fácil, prático e, em muitos casos, realmente reduz a carga tributária.
Mas aqui vai o ponto de atenção: o Simples nem sempre é o mais barato. Dependendo da margem de lucro e das despesas da empresa, ele pode sair mais caro do que outros regimes.
Quando o Lucro Presumido pode valer a pena
O Lucro Presumido é uma forma simplificada de calcular o IRPJ e a CSLL. A Receita presume uma margem de lucro sobre o faturamento, que varia conforme o setor (por exemplo, 8% para comércio, 32% para serviços).
Quem pode optar:
Empresas com faturamento anual até R$ 78 milhões.
Vantagens:
- Possibilidade de pagar menos imposto se a margem real de lucro for maior que a presumida;
- Aproveitamento de créditos de PIS e COFINS em algumas operações (o que o Simples não permite).
Exemplo prático
Imagine uma empresa de serviços com alta margem de lucro. No Simples, a alíquota pode chegar a mais de 15% (chegando até perto de 19%). No Lucro Presumido, a carga efetiva pode ficar em torno de 13%. Ou seja, pode haver uma economia significativa.
Quando o Lucro Real pode ser a melhor escolha
O Lucro Real é o regime mais complexo, mas também o mais justo. Aqui, os impostos são calculados sobre o lucro líquido contábil (com alguns ajustes previstos em lei).
Quem pode optar:
Qualquer empresa (mas é obrigatório para algumas, como bancos e seguradoras).
Vantagens:
- Se a empresa tiver lucro baixo ou prejuízo, paga menos imposto ou nada;
- Permite aproveitar créditos de PIS e COFINS em escala muito maior;
- Mais flexibilidade para planejamento tributário.
Cenário típico: Empresas com margens apertadas, alto volume de despesas dedutíveis ou que precisam usar créditos fiscais tendem a se beneficiar do Lucro Real.
Por que o Simples pode não ser tão simples assim
Muitos empresários pensam: “O Simples é sempre melhor porque é fácil e barato.” Só que não é bem assim. Veja alguns casos em que o Simples pode não compensar:
- Empresa de serviço com alta margem de lucro, o Lucro Presumido pode sair mais barato.
- Empresa que compra muitos insumos tributados com PIS/COFINS, no Lucro Real, poderia aproveitar créditos.
- Empresa perto do limite de R$ 4,8 milhões, pode acabar desenquadrada no meio do ano e pagar retroativo, caso ultrapasse o limite em mais de 20% proporcional.
Além disso, criar empresas “espelho” para a manutenção no Simples é arriscado. A Receita Federal já está fiscalizando cada vez mais esse tipo de prática, que pode ser caracterizada como fraude. Resultado? Multas e autuações.
O caminho: modelagem de cenários
A pergunta que fica é: como saber qual regime é o melhor? A resposta é simples: com modelagem de cenários tributários.
Esse estudo simula quanto sua empresa pagaria em cada regime – Simples, Lucro Presumido e Lucro Real – levando em conta a receita anual; margem de lucro; despesas dedutíveis; possibilidade de créditos fiscais, além de outros fatores específicos da atividade, como o crescimento projetado do negócio.
Com esses dados, dá para comparar números reais e tomar uma decisão consciente.
Ou seja, o Simples Nacional por muitas vezes é uma ótima ferramenta para milhares de empresas. Ele reduz burocracia, facilita a gestão e muitas vezes diminui impostos.
Mas acreditar que ele sempre é a melhor escolha pode custar caro. Dependendo do perfil da empresa, o Lucro Presumido ou o Lucro Real podem ser mais vantajosos.
E lembre-se: a Receita Federal está de olho em quem tenta se manter no Simples artificialmente. Evitar problemas fiscais é tão importante quanto pagar menos imposto.
Somente um planejamento tributário bem feito, com acompanhamento de contador e advogado, garante que sua empresa escolha o regime mais vantajoso sem correr riscos com o Fisco.
Conte com a equipe do PFMP Advogados para aprofundar seu entendimento sobre este tema e avaliar como ele pode se aplicar ao seu caso.